A "ecomoda" está caindo no gosto de fashionistas por todo o mundo.
Um novo conceito de moda está invadindo as vitrines e passarelas de todo o mundo. É a “ecomoda” ou moda ecológica. Essa nova vertente, de um universo que já movimentou R$ 400 milhões em 2008 somente no Brasil, busca soluções para agregar às roupas um conceito ecologicamente sustentável.
Entre as opções para torna uma roupa amiga do meio ambiente, vale utilizar matéria prima orgânica e reciclada, incentivar produtores locais, banir o uso de pesticidas, fertilizantes e produtos químicos, substituir peles de animais por materiais sintéticos e vegetais, e até mesmo planejar todo o processo de venda e distribuição das roupas, garantindo que os recursos utilizados estarão de acordo com as regras da sustentabilidade. Dessa forma, os impactos ambientais são considerados em todas as etapas do produto, da origem da matéria prima até o descarte pelo consumidor.
Para produzir roupas “sustentáveis” é preciso seguir a alguns princípios como a produção de peças economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente corretas. Para isso, já foram realizados estudos, como o do pesquisador italiano Carlo Vezzoli, do Instituto Politécnico de Milão, que desenvolve atividades didáticas e de pesquisa buscando encontrar métodos, estratégias e instrumentos para o desenvolvimento sustentável também na moda.
Entre as propostas apresentadas por Vezzoli, está uma que pretende tornar o ciclo de vida dos produtos do vestuário mais longos e sugere que o consumidor compartilhe mais as roupas e escolham peças com as quais se identifiquem mais e que tenham maior durabilidade.
Foto: Arbel Egger
Novas idéias surgem a todo o momento buscando criar roupas a partir de materiais inusitados como fibra de soja, peças de aço, fios elétricos, embalagens de ovos e até mesmo algas marinhas. No Instituto Europeu de Design (IED), também em Milão, alguns estudantes desenvolveram projetos que transformam meias de nylon e solas de sapatos em vestidos ecológicos.
Aqui no Brasil, o estilista Caio Von Vogt criou o ecovogt, um tecido 100% ecológico, criado a partir de uma fibra, de origem vegetal, que se decompõe em dois anos. Um alívio ao meio ambiente, já que alguns materiais, como o poliéster, pode levar até um século para se decompor. Outros estilistas reutilizam roupas velhas, ou que já não servem mais, e a transformam, criando a chamada moda “vintage”.
Contudo, o material mais utilizado na ecomoda é o algodão orgânico. Desenvolvido em um sistema que fomenta a atividade biológica, esse material exige um manejo diferente do sistema de produção convencional, pois bane o uso de agrotóxicos e produtos químicos, danosos a saúde do solo e das pessoas.
E toda essa preocupação não é à toa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 500 mil e dois milhões de pessoas são vítimas de intoxicação agroquímicas em todo o mundo. Um terço dessa população seriam cultivadores de algodão, a principal obra prima das confecções atuais.
Outros materiais, como a pele e o couro de animais, produzem um impacto ambiental muito maior do que as pessoas imaginam, já que a criação e o abate provocam a contaminação da água de córregos e lençóis, destrói a biodiversidade e contribui para as mudanças climáticas.
Foto: Natural Fashion
Por conta dessa preocupação, as empresas que trabalham com a “ecomoda” agregam à sua marca um fator fundamental na hora da escolha dos clientes. As roupas, que já representam 15% do mercado inglês e alemão e não param de crescer em todo o mundo, valem mais pelo conceito ambiental que representam que propriamente pela peça. E por falar em valer, elas valem sim, muito dinheiro.
Uma peça de roupa ecológica pode custar até 30% mais que as peças de vestuário tradicional. Isso é explicado pelo fato desses produtos terem uma produção mais artesanal, cuidadosa e que requer um estudo maior para seu desenvolvimento. A matéria prima também acaba saindo mais cara, já que são produzidos em plantações pequenas e de forma natural, onde o combate a pragas, por exemplo, é mais complicado sem pesticidas.
Mesmo com essa dificuldade, inúmeras marcas já incorporaram a moda ecológica e começam a apresentar coleções produzidas com materiais orgânicos, utilizando mão-de-obra local e disseminando a proposta de desenvolver produtos social e ambientalmente sustentáveis.
Ícones como a São Paulo Fashion Week (SPFW), maior evento de passarela de moda do Brasil e quarta passarela de moda mundial, elegeu o tema ‘sustentabilidade ambiental’ em sua 22ª edição. Outras marcas, como as brasileiras Melissa, Santaconstancia, Mara Mac, Grendene e Éden, as internacionais, como a Levi Strauss, Gap, Nike, Marks & Spencer, Katherine Hamnet, e até as famosas Giorgio Armani e Stella McCartney, já usam materiais alternativos e ecologicamente corretos e estão fazendo sucesso com seus clientes, provando que verde é o novo preto.
Fonte:
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/ecomoda